sábado, 19 de junho de 2010

NAVE Zica da Base


Entrevista do site NOIZ

http://noiz.com.br


Você pode não estar ligado ao mundo do rap, você pode não estar atento às produções musicais ou instrumentais de músicas que chegam à sua casa pelas ondas do rádio ou nas músicas que te distrai chegando pelos seus fones de ouvido entre uma estação ou outra do metrô. Mas, com certeza você já ouviu alguma base musical produzida por Vinicius Leonard Moreira. Ah, não sabe de quem estamos falando? Pois, apresentamos a vocês, Nave.

Aos 9 anos ele ouviu pela primeira vez um rap nacional. O garoto que nasceu em Joinville (SC) e que ficou louco ao som de “Voz Ativa”, dos Racionais MCs, não entendia muito bem o que era aquilo, mas foi nesse momento que começou a gostar de rap. Anos depois, surgiu o interesse pela produção musical. Hoje, aos 26 anos, ele explica: “O interesse veio mesmo depois do “Eu Tiro Onda” do D2, nesse disco as letras faziam muita referência à MPC e à SP (baterias eletrônicas), isso de certa forma despertou uma curiosidade em mim, hoje vejo que esse álbum foi crucial pra minha carreira”, explica Nave, bem conhecido pelas batidas que já produziu para Marcelo D2, e, não menos conhecido por trabalhos que fez para o rapper Kamau (”Equilíbrio”, “Homens Trabalhando” e “Resistência” são de Nave, e “Sabadão (os embalos de…)” é dele com co-produção do próprio Kamau) e por último para Emicida (somente na mixtape de Emicida, Nave produziu as músicas “E.M.I.C.I.D.A.”, “Fica Mais Um Pouco Amor”, “Preciso” e “Ooorra”).

O apelido que inspirou a arte do flyer para o evento NOIZ Apresenta: NAVE, Zica da Base, que acontece no CEU Caminho do Mar (Jabaquara) no próximo sábado, dia 24 de outubro, surgiu da citação que Emicida faz em sua música “Emicida, Nave, zica da rima, zica da base, os outro é tipo aquaplay, divertido, mas não passa de fase”. Marcelo Lima, designer gráfico, foi contratado pelo NOIZ para fazer o flyer e fala da sua inspiração: “O Nave acima de tudo é um produtor musical, porém vai falar sobre produção musical voltada pro rap que é o que ele faz. Eu pensei num modo de retratar o rap no flyer sem precisar escrever que o Nave é um produtor de rap. Uma corrente no mais estilo rap com um trecho da música do Emicida em que ele cita o produtor foi a maneira encontrada e o resultado foi gratificante, é fácil olhar para o flyer e perceber do que se trata”, explica Marcelo.
Nave vai colhendo os frutos a todo momento e o reconhecimento pelo trabalho feito com dedicação (que vai além do talento) está aí. “Um momento que me marcou muito foi quando o D2 me ligou de um estúdio em Los Angeles dizendo que tinha acabado de gravar com o Chali Tuna e o Cut Chemist num beat meu, nesse dia eu fiquei bastante emocionado, em todos os sentidos”, conta o produtor, que está concorrendo ao Grammy Latino deste ano, pois assina a batida de “Desabafo”, de Marcelo D2.

Confira algumas perguntas feitas por Luciana Playmobile, também produtora, ao Nave e compareçam ao evento promovido pelo NOIZ.

NOIZ ::: Dos sons que você produziu, qual seriam os três que você mais gostou?
NAVE ::: Difícil escolher três, mas gosto muito “E.M.I.C.I.D.A”, do Emicida, “Sabadão”, do Kamau e “Lapa” , do D2 com o Aori e Marechal.

NOIZ ::: Qual som você gostaria de ter produzido?
NAVE ::: São vários, mas dá pra citar alguns: “De La Soul – Shopping Bags” beat do MadLib, e duas produções recentes do Dj Khalil, “Drake – Fear” e “Clipse – Kinda of a Big Deal”, são sons que eu gostaria de ter feito.

NOIZ ::: O que você mais gosta de escutar para produzir?
NAVE ::: Tudo que considero boa música, mas isso varia dependendo da vibe do dia, do meu humor, sempre tenho um som ou artista pra cada estado de espírito.

NOIZ ::: Quem são suas maiores influências?
NAVE ::: Hi-Tek, J-Dilla, Premier, The Soulquarians, Stevie Wonder, Max De Castro…

NOIZ ::: Você tinha um trabalho fixo e “comum” como maioria dos brasileiros. Como foi tomar a iniciativa de deixar essa rotina de lado para se dedicar aos beats?
NAVE ::: Não foi fácil, porque todo mundo sabe que viver da rap no Brasil é correr “riscos”, é apostar em algo que nem sempre vai te dar um retorno financeiro certo, resumindo, a parada não tem salário. No meu caso tive que pensar em todos os prós e contras, principalmente porque tenho uma família pra cuidar. Mas todo esse lance de trampar com o D2 e por consequência conseguir emplacar um hit em rádio e televisão, foi decisivo para eu optar por esse caminho. Pensei comigo mesmo que era uma oportunidade que a vida estava me dando para viver do que amo. Foi assim, pedi as contas sem aviso prévio e me joguei de cabeça, pronto pra arcar com as consequências.

NOIZ ::: Sobre o beat de “Desabafo”, que é um sucesso do disco do Marcelo D2 e que te rendeu recentemente uma indicação ao Grammy: Como foi o processo de produção desse som? Você já tinha feito esse beat e mostrou pro Marcelo, ou foi feito exclusivamente para ele?
NAVE ::: Muita gente acha que sampleei o som do disco da Claudia, de 1973, na verdade tirei de uma coletânea de música brasileira da Blue Note, “Blue Brazil Vol.3”, achei o CD num sebo e quando ouvi a “Deixa Eu Dizer” já sabia o que ia fazer. Fiz o beat sem pensar em ninguém, mas quando terminei, o D2 foi a primeira pessoa que me veio na mente, principalmente porque eu tinha acabado de fazer o “Meu Samba é Assim”. O beat quase entrou nesse CD, mas foi melhor que não entrou (risos).

NOIZ ::: Como está sendo a preparação do próximo disco do Savave? Já existe uma previsão de lançamento, vocês vão prensar, ou lançar pela internet…
Começamos a gravar no final de julho. Com a gente na produção tem Renam Samam, Cabes, Thew Franklim, Dario e Munhoz, há outros beatmakers envolvidos no processo, porém, não estão 100% certos no álbum, estamos tentando não precipitar nada para que saia da melhor maneira possível. Provavelmente vamos lançar um single na internet até o final deste ano. Estamos prevendo o CD para depois do carnaval, março ou abril.

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